Jeniffer, uma paixão mórbida


Hoje o dia foi cheio, alguns atropelamentos, uns carbonizados e apenas duas mortes naturais. Depois de tanto tempo neste trabalho acabo vendo os corpos como se fossem animais, corto e abro corpos como se fosse um açougueiro, sinto que perco minha sanidade a cada dia. O cheiro não me incomoda mais. No inicio meu estomago se revirava tinha ânsia de vomito todos os dias.


De todos os dias de trabalho lembro de apenas um que cheguei realmente a vomitar as tripas. Uma mulher idosa, devia ter entre 60 a 70 anos, não me recordo. Ela morreu em sua banheira, morava sozinha e só foram descobrir seu corpo um mês depois. Ela estava deitada lá, com aquela agua viscosa marrom a seu redor. Larvas e vermes nadavam e se alimentavam da agua pútrida aonde o corpo da velha se desmanchava. Pela janela entrou todo o tipo de insetos para devorar a carcaça. A cada leve toque no corpo para examina-la a carne desgrudava dos ossos, sua pele deslizava e desgrudava do corpo com facilidade. O cheiro erra terrível, fez os profissionais mais experientes cambalearem. Eu simplesmente devolvi o que tinha comido. Foi o pior dia do meu trabalho.

Mas hoje, felizmente, foi um dia bom, uma das mortes naturais era a linda Jeniffer. Linda como um anjo aparentava ter uns 18 anos, seu corpo estava intacto, se não fosse a palidez poderia pensar que estava dormindo. Seu semblante me encantou, se ainda estivesse viva poderíamos ter um caso de amor. Não posso ver uma mulher bonita que começo a imaginar uma vida inteira com ela. Sempre sonhei em ter uma namorada, nunca consegui. Nunca tive paciência com as mulheres, talvez seja por isso que essa garota me encantou tanto. Uma mulher jovem, linda, coberta por um lençol banco e completamente nua. Se ao menos seu corpo ainda emanasse calor poderia percorrer seu lindo corco com meus dedos, sentir suas curvas e saliências, sentir como é estar com uma mulher. Mas então lembro que ela está morta, seu coração havia parado de bater graças a um ataque cardíaco. Esse corpo esculpido por Deus será enterrado e entrará em decomposição. Vermes não diferenciam moças bonitas e jovens das velhas e gordas.

Todos já se foram, quando dou por mim estava sozinho de pé em uma fria sala cheia de cadáveres. Vou até a porta e do corredor observo apenas o guarda sentado conversando com um morador próximo. Para minha sorte ele tem medo dos cadáveres, nunca entra no prédio a não ser quando é chamado.

Tranco a porta e começo a guardar todos os cadáveres. Pego a maca aonde a bela garota está e coloco bem ao centro da sala. Assim como uma criança abrindo um presente pego a ponda do lençol que a cobria e pucho vagarosamente, admirando cada centímetro que ele me revelava.

Ela é mais bela do que poderia imaginar. Tiro minha luva e coloco minha mão sobre sua barrida. Estava gelada, percorro seu corpo até seu seio. De todas as aberrações que aparecem aqui ela é um alivio para meus olhos. Poderíamos ter namorado, poderia ter acariciado seu lindo seio quando ainda estava quente, mas meu comportamento estranho e recluso ela nunca se aproximaria.

Estava apaixonado, sim apaixonado como sempre fico quando vejo uma garota tão bela. Normalmente sou rejeitado mas o que a Jeniffer poderia fazer?

Finalmente lembro novamente que ela está morta e fria, coloco novamente a luva e sento em uma cadeira perto dela. Não posso deixar enterra-la, seu corpo se perderá por entre a terra. Toda a beleza será desfeita por vermes e bactérias. Ela poderia ter sido a mãe dos meus filhos, devo carregar ela comigo, seu corpo deve continuar, devera permanecer quente e vivo dentro do meu corpo.

Pego uma faca, me aproximo. É quase uma profanação cortar um corpo tão lindo como este, mas de qualquer forma precisaríamos examinar seu coração. Faço um corte preciso no peito, quebro as costelas e corto o coração. Abro-o no meio e tiro um pedaço e costuro-o de volta. Costuro o corpo. Olho a atrocidade que eu fiz, arruinando o trabalho maravilhoso da natureza. Sinto como se eu tivesse a matado agora.

Guardo o corpo e pego o pedaço que cortei de seu coração. Com cuidado envolvo-o com filme plastico e guardo-o no bolço. Troco de roupa, passo pelo guarda como se nada estivesse acontecendo e vou para minha casa. Um apartamento tão pequena quanto uma caixa de fósforos. Um péssimo lugar para levar minha pequena Jeniffer, mas mesmo assim é melhor que a cozinha do prédio.

Pego o pedaço do coração e tempero com sal e vinagre, coloco alguns temperos e coloco na frigideira. O cheiro parece bom, sinto água na boca, estava faminto. Viro algumas vezes e sirvo em meu prato. Pego a faca e o garfo e paro por um minuto observo a carne fumegar. Seu coração será absorvido por minhas entranhas e assim ela sera parte de mim para sempre. O gosto é de carne de porco, um pouco mais forte e levemente adocicada.

Assim que acabo a refeição vou dormir, tenho o melhor sonho e mais vivido de toda a minha vida. Sonhei com uma vida toda ao lado dela, os namoricos, o noivado, casamento, a lua-de-mel em paris, uma pequena menininha que levara o nome da mãe e no final do sonho, ao topo de uma colina com o sol nos aquecendo ela coloca a mão no seu peito e tira seu coração. Estende em minha direção e eu o pego, colocando em meu próprio peito. Seu coração agora era o meu. Foi a melhor sensação que já tive.

Assim que acordo pela manha vou direto ao trabalho, como sempre estava atrasado. Chegando lá vou direto ao encontro de minha pequena Jeniffer, queria ver seu rosto ao menos uma ultima vez antes que fosse enterrada. Caminho até sua maca mas ela não estava lá, havia apenas uma mulher velha, nariguda com cabelos parecidos com palha seca. Ela tinha um rosto assustador, um dos olhos estava aberto e vejo claramente que é um olho de vidro, sua iris era vermelha e brilhava como se emitisse luz.

Vou ate meu colega e pergunto:
O que houve com o corpo de menina Jeniffer?
Menina? Acho que está precisando de um óculos, a menia que está se referindo é a idosa ali.

Fiquei confuso, explico como ela era quando a vi pela primeira vez mas não havia erro, essa idosa era realmente a Jeniffer. Confiro os números de registro e para tirar de vez a duvida, abri novamente o seu peito. Realmente o coração estava cortado e o pedaço que estava faltando era o mesmo que tinha me alimentado ontem a note.

Meu colega vem até meu lado e diz:
É o Diabo.
Como assim? – eu respondo.
Sim o Diabo, ela teve um enfarte durante um ritual de magia negra, é o que dizem.

Fico pálido e perco a força das pernas. Despenco, sinto meu coração apertar e conforme vou me revirando sinto ele sendo esmagado. Uma dor terrível toma conta do meu peito, me falta o ar e meus membros estão formigando. Eu sabia o que era isso, era um maldito infarte.

Meu coração aos poucos vai desistindo de bater. Meus colegar me carregam para fora da sala. Abro os olhos e vejo que estão me carregarem para fora da sala, olho uma ultima vez para a velha e ela está de pé ao lado da maca, olhando para mim com seu olho vermelho brilhando e com um sorriso na cara mostrando seus poucos dentes podres. Percebi tudo o que tinha feito e desejei morrer, e assim foi feito.

Após o atendimento pela ambulância e a confirmação da morte meus colegas voltaram ao prédio e o corpo da mulher chamada Jeniffer havia desaparecido.

Rezo para que essa velha não morra, pois se ela vier para cá, meu sofrimento será ainda pior.

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