Bela Adormecida



Era um sonho. Só poderia ser um sonho…

Nunca que ela seria capaz de acreditar que aqueles acontecimentos fossem reais. Aliás, o que estava acontecendo? Aquelas sombras de tons escuros a seguiram por toda parte por tanto tempo que ela nem lembrava mais. Não poderiam ser reais. Eram assustadores demais. E tinham dentes, dentes enormes, cada vez mais perto de sua nuca…

Amanda acordou ensopada em suor frio. “Claro, ela pensou que era um pesadelo.” Tudo que ela queria agora era um café, já que tinha muito trabalho pela frente. Ela e seu noivo eram sócios numa firma de advocacia e estavam trabalhando no caso de um serial killer. Como o chamavam mesmo? Nem mesmo se lembrava, só lembrava do calafrio ao olhar nos olhos dele. Olhos azuis escuros, frios, profundos e perigosos como o oceano antes de uma tempestade. O que mais a assustara fora a vida daqueles olhos. Ou melhor, a falta dela.

O príncipe encantado. Isso, esse era o apelido dele. Parece que ele matava suas vítimas enquanto elas dormiam presas em um pesadelo de tamanho horror que a expressão delas ficava completamente deformada. Amanda sentiu um calafrio e resolveu esquecer o assunto por hora.

Ela não entendia porque o assassino queria que ela o defendesse. Quer dizer, ela nem era advogada de defesa famosa ou algo assim, para que ele exigisse seus serviços. Estranho, no mínimo.

Enquanto caminhava até seu escritório, pensativa achou ter visto um vulto numa esquina escura. O mesmo vulto de seus sonhos. “Devo estar ficando louca de tanto estresse”, pensou ela apressando o passo.

Finalmente chegando ao escritório, Amanda respira aliviada. Estava a salvo, por hora. Sua secretária ainda não havia chegado. Estranho. A Sra. Olivia era sempre a primeira a chegar, e Amanda precisava do café e da palavra amiga de sua secretária.

O telefone toca, assustando-a.

- Alô?

-Amanda Rivera?

-Sim?

-Aqui é a polícia. Poderia se apresentar à delegacia para fazer o reconhecimento de um corpo? Senhorita? Está aí?

Amanda caiu no chão. Não, não poderia reconhecer ninguém. Nunca vira um morto e morria de medo deles. Talvez fosse a Sra. Olivia. Ou pior, o seu noivo… Ela correu até a delegacia, esperando pelo pior. Chegou em menos de cinco minutos.

Ela mal podia acreditar no que via ali, deitada na mesa de metal. Impossível. Mais que isso, insano, loucura. Ali, com os lábios roxos e a pele pálida, estava Amanda…

Era um sonho… Só podia ser um sonho, era loucura demais para sua mente. Tudo a sua volta começou a mudar, e ela viu que estava no próprio inferno. Ela correu, mas o lugar parecia infinito. E os vultos de dentes afiados chegavam cada vez mais perto.



O príncipe encantado sorriu sozinho em sua cela. Mais uma bela adormecida caiu em sua armadilha. Ele nem mesmo precisava sair dali para encontrar suas lindas vítimas. Bastava que elas olhassem em seus olhos. Lá dentro, a vida não existia há muitos anos. O que morava ali era de outro mundo, um demônio sádico e devorador de almas. Ele se divertia perseguindo suas vítimas enquanto dormiam, até que a vida saía de seus corpos e ele poderia finalmente saciar sua fome de almas puras.

Logo ele teria fome de novo.

Aquela nova policial parecia interessante.

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