Daniel estava no meio de uma viagem com sua família quando o
motor do carro em que estavam fundiu.
Ele parou o carro no acostamento e tentou chamar um guincho,
mas o seu telefone celular não dava sinal.
Daniel e sua família ficaram parados por mais de duas horas,
e nesse tempo todo, não passou nenhum outro carro pelo local.
O ponto da estrada em que pararam ficava muito longe da
cidade e era cercado por muita vegetação e muitas árvores, a maioria delas enormes.
Só depois de muito tempo, notaram que escondida entre a
vegetação, havia uma placa que dizia: XXX 1,5 KM, e havia também uma pequena
estrada de terra adentrando a mata.
Liza, esposa de Daniel, decidiu seguir a trilha para ver se
encontrava alguém para ajudá-los.
Ela acreditava que aquele caminho a levaria até algum lugar
habitado. Então, Liza pegou seus dois filhos e começou a andar pela trilha,
enquanto Daniel ficou no carro esperando, caso alguém passasse pela estrada.
O tempo foi passando e nenhum outro carro trafegou por ali.
Daniel foi ficando preocupado com sua família e tentou ligar
para Liza, mas o celular continuava sem sinal.
Percebendo que logo escureceria, Daniel decidiu pegar o
caminho e ir atrás de sua família.
Ao chegar no final da trilha, Daniel avistou uma
cidadezinha, e quando se aproximou, notou que ela estava totalmente abandonada.
Várias casas, comércios e até uma igreja estavam bastante
deteriorados, como se a cidade estivesse abandonada há muito tempo.
Daniel começou a andar pelas ruas chamando pelo nome de sua
esposa, mas não obteve nenhuma resposta.
O silêncio era perturbador, o único som que Daniel escutava
era o som de seus passos nas ruas empoeiradas daquela estranha cidade.
Cada minuto que passava, Daniel ia ficando mais preocupado,
ainda mais porque logo a noite chegaria.
Daniel encontrou o que parecia ser um bar, o estabelecimento
estava com a porta aberta. Ao entrar, Daniel sentiu um forte cheiro de comida
estragada.
No balcão, havia um prato ainda com comida e também vários
copos, a maioria deles com bebidas.
Nas mesas, havia garrafas, copos, jornais e até um jogo de
baralho.
Era como se as pessoas tivessem sumido de repente, deixando
tudo o que estavam fazendo, deixando todas as coisas no lugar, no exato momento
em que desapareceram.
Daniel saiu do bar sentindo enjôo devido ao cheiro
desagradável, e no momento em que passava em frente a uma casa, começou a ouvir
a voz de seu filho, mas não dava para entender o que ele dizia.
Daniel, confuso, ficou em frente a casa chamando pelo seu
filho, mas ele continuava falando como se conversasse com alguém, sem responder
ao chamado de Daniel.
Preocupado, Daniel começou a bater na porta da casa, mas
tudo continuou como estava.
Ele continuava a ouvir o som da voz de seu filho sem
compreender o que ele dizia.
Daniel decidiu forçar a porta até arrombá-la.
Ao entrar, Dave encontrou a casa na mesma situação do bar.
Na sala, roupas e chinelos, e na cozinha, panelas com
comida, a mesa com copos e pratos.
Tudo largado. A voz de seu filho vinha do andar de cima.
Então, Daniel subiu as escadas rapidamente, e quando chegou
lá em cima, ele encontrou dois quartos com as portas abertas.
No primeiro, apenas uma cama com os lençóis e cobertores
revirados e um guarda-roupa velho.
No segundo levou um susto ao ver um homem sentado na cama
com as mãos no rosto e os cotovelos apoiados nas pernas.
Daniel reparou que havia marcas de sangue no chão e nas
paredes.
Daniel foi se afastando devagar, até que, o homem percebeu
sua presença e levantou rapidamente da cama.
Ele estava com diversos ferimentos pelo corpo, e sangrava
muito pela boca e nariz.
O homem, com uma voz estranha e rouca, pediu para que Daniel
fosse embora.
Daniel desceu as escadas rapidamente e correu para fora da
casa.
Ao passar pela porta da frente, ela foi fechada
violentamente.
Alguns segundos depois, Daniel começou a ouvir a voz de Liza
chamar por ele.
Daniel seguiu o som da voz e percebeu que ele vinha da velha
igreja.
O portão estava aberto. Mesmo confuso e com muito medo,
Daniel entrou, mas a porta de entrada da igreja estava trancada.
Ele reparou que nessa porta havia uma espécie de símbolo com
alguns dizeres estranhos.
Daniel lembrou que também viu esse símbolo no bar e na casa
que ele havia entrado.
A voz de Liza continuava a chamar por Daniel, que mesmo
assustado, pegou um corredor que ficava entre o muro e a parede lateral da
igreja e seguiu até os fundos.
O corredor também continha um enorme rastro de sangue que ia
até o jardim nos fundos da igreja.
Encostada a uma pequena árvore, havia uma velha senhora, com
os cabelos bem compridos e grisalhos, que em sua mão esquerda, segurava o
pedaço inferior de um braço.
Ela parecia mastigar alguma coisa.
A velha se levantou e começou a ir em direção ao Daniel, ela
também estava com uma aparência assustadora.
Daniel correu e a velha foi atrás dele gritando
assustadoramente.
A velha corria muito rápido pela idade que ela aparentava
ter.
Depois de correr por alguns metros, Daniel conseguiu se
livrar da velha.
Por essas horas já estava começando a escurecer, e Daniel,
desesperado e sem saber o que fazer foi indo em direção à saída da cidade.
Foi nesse momento que ele viu a luz de uma lanterna vindo
pela estradinha.
Daniel foi se aproximando aos poucos e viu que a lanterna
era de um policial.
O policial levou um susto quando viu Daniel se aproximando,
e quase deu um tiro se Daniel não gritasse.
O policial disse que viu o carro parado no acostamento e
decidiu investigar.
Daniel contou tudo o que havia ocorrido, e pensando que o
policial discordaria dele, se enganou.
O policial contou que há muito tempo naquela cidade, havia
uma seita de adoradores do diabo, e que houve muitos assassinatos e suicídios,
mas não sabia como todos os moradores sumiram.
Esse policial acreditava que essas pessoas foram punidas,
receberam um castigo pelas atrocidades que elas faziam, e hoje seus espíritos
sofridos vagam pela cidade.
O policial também disse que foi um erro não ter demolido
toda a cidade, e que a família de Daniel não foram às primeiras pessoas a
desaparecerem.
Enquanto voltavam para a estrada, o policial mostrou um
cemitério que ficava no meio da mata, onde os corpos dos executados eram enterrados.
Foi nesse momento que os dois começaram a escutar sons de
passos vindo pelo caminho, saindo da cidade em direção a eles, foram se
aproximando até que o policial, conseguiu com sua lanterna, clarear o que
estava perto deles.
Eram várias pessoas, todas elas com aparência medonha, olhos
avermelhados, corpos esqueléticos e com ferimentos sangrando sem parar. Daniel
e o policial correram em direção a estrada, e foram perseguidos por aquelas
pessoas até chegarem ao carro de policia.
Ao entrarem no carro, as pessoas o cercaram e ficaram
batendo no vidro.
Desesperado, o policial ficou acelerando durante alguns
segundos até conseguir se livrar, e sair atropelando algumas daquelas pessoas.
Aterrorizado, o policial não conseguiu controlar o carro e acabou batendo
alguns metros adiante.
O carro capotou várias vezes.
No dia seguinte, encontraram o carro da policia todo
amassado com marcas de sangue em forma de mãos humanas nos vidros e o carro de
Daniel estacionado a beira da estrada.
Havia também marcas de sangue no asfalto como se alguém
tivesse arrastado corpos de pessoas para dentro da mata.
As autoridades que sabiam do fato, arrancaram a placa e
cobriram todos os vestígios da estradinha que levava até aquela cidade, para
que ninguém mais fosse até lá.
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