O espírito atormentado
Uma família acabara de se mudar para uma casa, muito grande e em um bairro nobre da cidade. A casa pertenceu a um homem que morava sozinho e que havia morrido há alguns anos. Os parentes do senhor decidiram vender a casa para não guardarem lembranças de seu ente querido.
A mudança foi tranquila. Poucas peças de cristal foram quebradas na hora de colocar no caminhão. Apenas alguns móveis pouco arranhados. O saldo final foi bom.
A família vivia tranquilamente. O casal que estava junto há sete anos, com dois filhos. Um de 14 anos e uma menina de três. Além do sogro do rapaz, que perdera sua companheira de longos anos há pouco tempo e resolveu viver com seus parentes.
As crianças Angélica e Edgar brincavam tranquilamente na rua. O casal Eduardo e Michele fazia os planos para o futuro enquanto o ancião da família, Sr. Fernando gostava de ler jornais na sala, próximo da TV.
Certo dia, a campainha toca. Fernando resolve atender e não encontra ninguém. Retorna para suas atividades e depois de alguns minutos a campainha toca novamente. E lá vai Fernando atender e não encontra ninguém. Por um momento, ele chegou a tirar uma conclusão precipitada:
- Devem ser as crianças brincando.
O Sr. Fernando deixou a campainha tocar, umas três vezes. Depois resolveu sair e pedir para que as crianças entrassem. Ele resolve questionar as crianças se eram elas que estavam fazendo a brincadeira com a campainha, mas a resposta foi negativa.
Ele resolve pegar quem estava fazendo esse tipo de brincadeira. Fica escondido no quintal para fazer uma surpresa para o engraçadinho.
Quando a campainha toca, o velhinho sai rapidamente de seu esconderijo para pegar quem estava fazendo essa brincadeira. Mas para sua surpresa não havia ninguém. Ele se pergunta quem poderia ter feito isso? Em seguida, a campainha toca novamente e Fernando não vê ninguém. A campainha volta a tocar incessantemente, como se quisesse chamar a atenção do senhor. Mas ele não se abala. Acredita ser um curto circuito que pode ser resolvido facilmente.
Depois de desligada a campainha, a família viveu tranquilamente por alguns dias. Até que a filha caçula, Angélica, tivesse um contato com alguém que não conhecia.
A pequena criança acordou a noite e viu uma luz vinda da cozinha. A pequena curiosa queria saber o que era aquela luz. Era uma mulher, vestida de branco, que não falava nenhuma palavra. Ficava estática em frente da criança.
A mulher sumiu de repente. A criança não teve nenhuma reação anormal. Voltou para cama e foi dormir novamente.
No dia seguinte, Angélica foi contar aos seus pais o que havia acontecido. Eles não acreditavam, pois deveria ser apenas um sonho da menina. Mas, na mesma noite o fato se repetiu. Angélica saia de seu quarto e encontrava a mulher de branco, parada na cozinha. Agora com o rosto cheio de lágrimas, mas ainda sem dizer nada. O silêncio absoluto reinava no recinto até que a mulher desaparecesse.
Novamente a criança foi contar para os pais e foi ignorada, pois ela poderia estar apenas inventando aquela história. Mas na noite seguinte a criança teve mais sucesso na comunicação com a alma iluminada.
Ao ver a luz vinda da cozinha, Angélica não se levantou. Mas dessa vez o espírito veio até ela e a chamou para ir até a cozinha. A criança relutou, mas resolveu acompanhar a alma. Flutuando pela cozinha, o espírito daquela mulher parou ao lado de uma parede. Ela voltara a chorar e apontar para aquela parede. A criança começava a ficar assustada, mas recebia uma grande paz dessa pessoa. Era uma mulher doce, que adorava crianças. Angélica não queria ir embora e a alma continuava apontando para a parede. Alguns minutos depois, a alma foi desaparecendo e a pequena Angélica procurava o que haveria naquela parede.
Logo pela manhã, a criança corre para a cama dos pais para contar o que acontecera e novamente foi desiludida pelos mesmos. Mas as aparições começaram a se tornar constantes e todas as noites a dama de branco chamava por Angélica e apontava para aquele ponto da parede. Os pais resolveram leva-la ao médico, mas nada diagnosticaram. As dúvidas e as aparições continuavam. Chegaram ao ponto de acompanhar uma noite da menina. Mas o espírito não aparecia na presença dos adultos.
Até que um dia os pais resolveram quebrar a parede para acabar com o mistério da dama de branco. No dia seguinte a uma aparição, eles pegaram pás e picaretas e começaram a quebrar a pedra. E para a surpresa e todos, o que haviam encontrado na parede? O corpo de uma mulher, ainda em estado de decomposição.
Com vermes saindo pelos olhos e pela boca, ofuscados pela claridade. Um pedaço de pano que serviu de mordaça em volta de seu pescoço ainda guardava vestígios de sangue. No crânio da mulher, um buraco que parecia ter sido feito a bala e muitas cordas e lençóis para amarrar a vítima de tamanha brutalidade.
A polícia foi chamada para investigar o fato e descobriram que essa mulher que estava enterrada na parede da casa havia sido assassinada pelo marido, que foi acusado do crime, mas nunca encontraram o corpo para as provas. O homem ficou livre e morando na mesma casa. Até falecer em sua própria residência. Sozinho e abandonado. Porém, agora queimando no fogo ardente pela crueldade que havia feito com sua esposa que tanto o amava.
A família passou alguns dias com alguns parentes para se recuperar do choque. E depois da descoberta do corpo a dama de branco nunca mais foi vista pela casa. Agora ela descansa em paz.
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